quinta-feira, 27 de agosto de 2009

PRESIDENTE MIDIÁTICO: O meio e a mensagem

Este texto do Ferreira Gullar expressa exatamente o que se passa em nosso país atualmente. Afinal qual é o papel da imprensa? Será que é apenas engolir seco sem questionamentos as "informações"?

A imprensa também erra. Alguns importantes jornais brasileiros apoiaram o golpe militar de 1964, que pôs abaixo o governo de João Goulart. Tornou-se célebre o editorial de primeira página do Correio da Manhã, intitulado "Basta!". Foi como um sinal para que os militares conspiradores deflagrassem a sublevação que derrubou o presidente legítimo e colocou em seu lugar um general até então desconhecido de todos.

O erro daqueles jornais foi fruto do temor de que a aliança de Jango com as lideranças de esquerda, por favorecerem a mobilização dos descontentes nas cidades e no campo, propiciaria a tomada do poder pelos comunistas. Temor injustificado, que os fez confiar nos militares como guardiões da democracia. Alguns meses foram suficientes para mostrar-lhes o engano em que haviam incorrido e, a partir de então, passaram a questionar o novo regime. A reação dos milicos não se fez esperar: das ameaças iniciais contra jornalistas, passaram à censura dos jornais, chegando ao ponto de instalar censor nas Redações.

Imprensa livre e regime autoritário não podem coexistir, e a razão é óbvia: a informação livre e a opinião independente são intoleráveis a quem se julga dono da verdade e inseguro quanto à legitimidade de seu poder.

É verdade, porém, que não são apenas os ditadores e os tiranos que odeiam a imprensa livre. As pessoas, de modo geral, não aceitam ser criticadas, e os políticos, especialmente, uma vez que o bom êxito de sua carreira depende da opinião pública.

Olhar furioso

Deve-se considerar, no entanto, que uma coisa é não gostar de ser criticado e outra é querer calar quem o critica. Aqui mesmo, como cronista, tenho sentido isso, quando abordo algum tema polêmico; há os que escrevem apenas discordando, mas há os que, indignados, sugerem que a direção do jornal me obrigue a calar. "Muito me admira que um jornal como a Folha publique artigos que ofendem a verdade..." Assim também pensava a ditadura: quem discordava dela, ofendia a verdade e, por isso, era legítimo calá-lo.

Certos políticos lidam mal com a imprensa, como é o caso do presidente Lula, que está sempre acusando-a de parcialidade e má-fé. Mas esse é um caso muito especial, já que nunca neste país um presidente da República teve tanta cobertura da imprensa. Sua figura e suas palavras estão permanentemente na tela da televisão e nas páginas dos jornais.

Não obstante, ele também permanentemente se queixa de que a mídia o persegue e a seus aliados. Recentemente, afirmou que os jornais estão condenando as pessoas, sem que a Justiça as julgue, quando, na verdade, o que a imprensa tem feito é divulgar informações, que podem ser desmentidas, no caso em que não sejam corretas ou verdadeiras. Mas espanta que Lula faça tais afirmações quando, de fato, ninguém acusou tanto seus adversários políticos como, durante 20 anos, o fizeram ele e seu partido. Lembro-me de sua cara na TV, com olhar furioso, exigindo o impedimento do então presidente Fernando Henrique Cardoso, a propósito de acusações que a Justiça considerou falsas contra um auxiliar do gabinete presidencial.

Alternativa melhor

Lula sabe muito bem de tudo isso, porque bronco ele não é. Sabe e diz o que diz, porque confundir a opinião pública é uma velha tática sua. Na verdade, ele é um presidente midiático, aliás, mais midiático que presidente, já que passa 90% de seu tempo a discursar em comícios e a fazer pronunciamentos. O que menos faz é governar, uma vez que quase nunca está em Brasília e, quando se reúne com seus ministros, é para discutir questões políticas ou providências que preservem sua boa imagem e a de seu governo. Discursar é preciso, governar não é preciso...
E agora, quando se aproxima o ano eleitoral de 2010, novas iniciativas estão sendo tomadas para incrementar ainda mais a sua presença em todos os cantos e recantos do país. Além dos programas de televisão e rádio, em que se autopromove diariamente, terá agora uma coluna assinada em centenas de jornais pelo país afora.

Como não pode impedir que a imprensa noticie e opine sobre os atos de seu governo, vai tentar abafar-lhe a voz, escrevendo (?) e falando sem parar, todo o tempo e em todos os lugares, na esperança de que só sua voz seja ouvida. De qualquer maneira, melhor isso do que fechar os jornais e as redes de televisão, como continua fazendo seu amigo Hugo Chávez.

Autor: Ferreira Gullar

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Filme “Sete Vidas”- Seven Pounds - Este eu recomendo!

Quanto vale a vida de uma pessoa? Para muitos pode não valer nada, mas para o fiscal de imposto de renda Ben Thomas, interpretado pelo ator norte-americano Will Smith vale as boas ações e comportamento de cada um dos escolhidos para receber um presente inesperado. Em “Sete Vidas” (Seven Pounds) seu mais novo filme, Smith demonstra todo o seu talento e versatilidade, que o faz passear da comédia para um dramalhão de deixar qualquer um com um nó na garganta. Ele já havia arrancado lágrimas na fita “Em Busca da Felicidade”, mas em Sete Vidas, o personagem de Smith é brilhante e enigmático, nos faz refletir quem somos e qual o valor do que temos.

Ben Thomas seleciona uma lista de pessoas em débito com o fisco e as segue, observando-as na vida pessoal e profissional. O fiscal guarda um grande segredo trágico no passado, que o levou a um estranho pacto com o amigo. E a água-viva que Ben põe no próprio quarto, num aquário, não é apenas parte da decoração, como se verá. No final ele acredita que se redimiu de uma ação trágica que provocou no passado. Será?


Imperdível !

sábado, 22 de agosto de 2009

Tempo...

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas ...
Que já têm a forma do nosso corpo ...
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos
mesmos lugares ...

É o tempo da travessia ...
E se não ousarmos fazê-la ...
Teremos ficado ... para sempre ...
À margem de nós mesmos...


Fernando Pessoa

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Internet não substitui o repórter

Logo após a 1ª Guerra Mundial, o sociólogo alemão Max Weber proferiu uma conferência em Munique sobre jornalismo.

"Nem todos percebem que escrever um texto jornalístico realmente bom exige tanto do nosso intelecto quanto um trabalho acadêmico", disse ele aos estudantes. "Isso se aplica especialmente quando estamos reunindo material para um artigo que tem de ser escrito no momento e tem de ter repercussão imediata, mesmo sendo produzido em condições totalmente diferentes de quando realizamos uma pesquisa acadêmica. No geral, ignoramos que a verdadeira responsabilidade de um jornalista seja muito maior do que a de um acadêmico."

Sim, jornalismo é uma questão de gravidade. A tendência hoje é a de destruir a reputação em vez de elogiar a mídia.

Em meio aos gritos de doutrinação partidária envolvendo a posse do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e os toques de sinos anunciando a morte da imprensa, uma verdade fundamental se perde: a de que ser jornalista é ser testemunha dos fatos. O resto é decoração.
Ser testemunha dos fatos significa estar presente. Nenhum buscador na internet consegue transmitir o odor de um crime, o tremor no ar, os olhos que ardem, os ecos de um grito.

Nenhum buscador de notícias vai lhe falar sobre a cidade devastada suspirando ao anoitecer, nem dos gritos desafiadores ouvidos noite adentro. Nenhum milagre da tecnologia pode reproduzir essa sensação de boca seca que o medo causa. Nenhum algoritmo vai capturar a dignidade sem alarde, não vai provocar a carga de adrenalina que se funde com a coragem nem expor as marcas ainda frescas de uma chicotada.

Roger Cohen - Estado de S.Paulo

terça-feira, 18 de agosto de 2009

As duas imprensas

A Associação Nacional de Jornais, principal entidade representativa da imprensa brasileira, completa nesta semana 30 anos de existência. Entre os atos que marcam a celebração destaca-se a divulgação de doze casos de censura determinados pela Justiça desde julho do ano passado. O mais evidente deles, claro, é a proibição decretada pelo juiz federal Dácio Vieira ao jornal O Estado de S.Paulo de publicar informações sobre investigação que atinge o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado.

A maioria dos casos citados no relatório se refere a tentativas de candidatos a cargos eletivos de impedir a divulgação de fatos que consideravam prejudiciais a suas campanhas. Os jornais de terça-feira (18/8) citam o caso do Jornal Pequeno, do Maranhão, que também foi proibido de divulgar a operação policial que envolve Fernando Sarney.

A imprensa brasileira certamente está carregada de razões ao defender a liberdade de informação e denunciar a manipulação de decisões judiciais em favor de candidatos ou para proteger poderosos envolvidos em irregularidades. Trata-se de um direito fundamental do cidadão e um dos esteios do regime democrático. Mas, como tudo que envolve o noticiário tem o chamado "outro lado", o leitor atento deve observar que falta, nas comemorações da ANJ, a necessária referência a eventuais abusos da própria imprensa.

Propriedade cruzada

No caso dos Sarney, que praticamente monopoliza as manchetes dos grandes jornais de circulação nacional há meses, convém lembrar que também eles possuem seus meios de comunicação. E que, com certeza, os jornais e emissoras sob controle dos Sarney praticam um jornalismo que anda na direção oposta à da tendência majoritária da imprensa nacional.

Convém também observar que, em todos os estados onde a imprensa é controlada por políticos, e onde os chamados jornais de circulação nacional não têm penetração relevante, a população fica à mercê dos coronéis da política que, coincidentemente, são também os senhores da mídia.

Ao comemorar três décadas de existência, em que alardeia sua luta por uma imprensa mais livre e mais moderna, a ANJ bem poderia anunciar o que tem feito pelos brasileiros que ainda são reféns da imprensa manipulada por grupos de interesse político e econômico por todo o país.
Poderia, por exemplo, aceitar o debate sobre a propriedade cruzada dos meios de comunicação e sobre a escandalosa concentração de concessões de rádio e televisão em mãos de parlamentares.

Por Luciano Martins Costa - Observatório da Imprensa

Para constatar este fato não precisamos ir muito longe, em Corumbá e em outras cidades do Estado temos exemplos de políticos que ou são donos oficiais ou por baixo do pano de algum jornal ou emissora de rádio. É difícil assim ser imparcial e o leitor acreditar que tudo corre a mil maravilhas e que não temos problemas.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Estrelas...

"As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu porém, terás estrelas como ninguém... quando olhares o céu de noite, (porque habitarei uma delas e estarei rindo), então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem sorrir!... Assim, tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo (basta olhar para o céu e estarei lá). Terás vontade de rir comigo. E abrirá, às vezes, a janela à toa, por gosto... e teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!"

(O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint'Exupéry)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Janelas da Vida


Abra a janela do teu coração e deixe a alma arejar! Sabe aquele cheiro de mofo de sonhos que envelheceu e você nem se deu conta? Deixe que o vento leve para longe...

Livre-se também do ranço amargo de toda mágoa e do rancor, faça uma boa limpeza na vidraça do coração, garanto que você enxergará melhor a vida lá fora.

Deixe a luz inundar tudo, apagar as marcas das decepções, as tristezas das derrotas e da mania de sofrer por sofrer e acima de tudo, permita que o sol derreta o gelo da solidão.

Apaixone-se por um sorriso e sorria junto, ilumine as janelinhas dos olhos... Ame a pessoa que o espelho reflete todas as manhãs.

Escancare a janela dos desejos e esbanje sonhos, ninguém sonha em vão, e também não é verdade que os sonhos fogem, as pessoas é que desistem, e eles morrem.

Desenhe um horizonte além da tua janela, exagere nas cores e... Faça florescer todos os campos que sua vista alcança. Vá além, muito além....

Abra a janela da vida e seja pleno em cada coisa ainda que pareça pequena. Viva com a espontaneidade de uma criança. Debruce na janela e não olhe a vida passar através dela... Viva!

Autoria: Lady Foppa

domingo, 9 de agosto de 2009

"Incógnita"?

Por que nascemos para amar,
Se vamos morrer?
Porque morrer, se amamos?
Por que falta sentido
Ao sentido de viver, amar e morrer?

(Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

CRISE NO SENADO - A voz das ruas


Chama-se Breno Santa Cruz Freitas, é funcionário do Banco Central e tem 37 anos, segundo o Globo, o cidadão que foi detido pela polícia do Congresso por haver chamado o senador José Sarney de "ladrão". Ele pode ser indiciado por injúria e desacato a autoridade.

Breno se encontrava no corredor quando o presidente do Senado passava entre seu gabinete e a entrada do plenário, por volta das 18h20 de quinta-feira (6/8), logo após o espetáculo de troca de ofensas entres os senadores Renan Calheiros e Tasso Jereissati. Sarney teria ouvido o xingamento e pediu que os seguranças detivessem o servidor.

Convém guardar bem esse nome. Quando os políticos voltarem a se entender e as baixarias desta semana se transformarem em rapapés entre suas excelências, Breno poderá ser registrado como o único condenado em todo esse escândalo que já ocupa mais da metade do ano legislativo.

"A natureza floresce"

As editorias de Política dos jornais de sexta-feira (7/8) se ocupam quase exclusivamente da discussão entre Renan e Tasso, que por pouco não degenerou em briga de rua. O resto do espaço é ocupado pelas mesmas denúncias, requentadas, que se acumulam contra José Sarney. Mas não há fatos novos que indiquem qualquer possibilidade de mudança no cenário.

A cada debate, a cada troca de insultos, o eleitor vai sendo informado de que as irregularidades não se restringem a este ou aquele partido, e se vai consolidando a sensação de que a mais importante instância do Poder Legislativo já não honra as tradições republicanas. A tese do fechamento do Senado ganha força entre os analistas da cena política.

O senador José Sarney não parece preocupado com essa questão. Em seu artigo desta semana na Folha de S.Paulo, que o mantém como colunista às sextas-feiras, ele emite sinais sobre o que pensa da política, dizendo não acreditar no conceito de classes sociais. Afirma que "a democracia representativa já era", desdenha do que venha a ser "a voz das ruas" e observa que o conflito político passou da guerra de classes para a guerra da mídia, onde o maior poder está na internet.

Para se ter uma idéia do estado de espírito do presidente do Senado, basta observar como ele encerra seu artigo: "Enquanto discutimos essas coisas, a natureza floresce e Brasília está linda, os paus d´arco em flor".

Se não crê na "voz das ruas", talvez Sarney devesse prestar atenção na voz de Breno Santa Cruz, que, segundo consta, o chamou de ladrão.

Fonte: Observatório da Imprensa

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Em busca da Felicidade

"Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!"



Fernando Pessoa

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Curupah - Significa Corumbá


Escolhi esse nome para o meu blog, pois achei a palavra forte e marcante. Para quem não sabe Curupah significa Corumbá em língua indígena, onde curu = rugoso, como os índios chamavam a aroeira e pah = abundância; o outro significando é "lugar distante". É conhecida hoje, como a "Cidade Branca", pela cor clara de sua terra.

Minha cidade é linda, cheia de história e com uma cultura riquíssima. Pena que ainda é somente lembrada pelo Pantanal. Aqui tem folclore, tem patrimônio histórico e muitos lendas que até hoje refletem no cotidiano da cidade. Segundo a lenda, Frei Mariano teria enterrado suas sandálias, lançando uma praga de que a cidade somente retomaria o desenvolvimento após ser encontrada.Tem o Carnaval, o Festival América do Sul, o São João, aliás esta festa popular é única, pois somente aqui tem a tradição de banhar o santo nas águas do rio Paraguai. Outra coisa : O pôr do sol é o mais lindo de todos.