terça-feira, 1 de setembro de 2009

Sobrevivemos a agosto de 2009.

Parecia um mês interminável. O próprio mês traz consigo uma pesada carga de presságios e não é dos tempos modernos que agosto é temido e referido como azarado. Um pouco de história faz bem. Os romanos deram ao oitavo mês do ano o nome de agosto, numa homenagem ao imperador Augusto, quando estavam acontecendo os mais importantes fatos de sua vida, destacando-se, dentre os principais, a conquista do Egito e sua elevação à dignidade de cônsul. É fato que mesmo os romanos não gostavam do mês de agosto por acreditarem que um dragão enorme, e cuspindo fogo pelas narinas, passeava no céu durante todo o mês de agosto, dragão este que não passava da constelação de Leão nos céus do hemisfério norte.

Excetuando o lugar comum do trocadilho agosto/desgosto é recorrente situar eventos de sofrida memória associados ao transcurso deste mês. As duas grandes guerras mundiais tiveram início em agosto. A primeira guerra foi iniciada em 1º de agosto de 1914 e trucidou milhares de vidas. Mas não tantas para fazer refluir o ânimo belicista. Nos últimos dias de agosto de 1939 teve início a Segunda Guerra Mundial com a mobilização de mais de 100 milhões de militares e, ainda hoje, é de longe o conflito que causou mais vítimas em toda a história da Humanidade, com mais de 70 milhões de mortes.

Nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, as cidades de Hiroshima e Nagasaki foram destruídas pelo impacto das primeiras bombas atômicas que deixaram um saldo de nada menos de 200 mil vítimas. No dia 13 de agosto de 1961 foi iniciada a construção de um muro, em Berlim, depois mais conhecido como o Muro da Vergonha, dividindo a pátria de Goethe, Beethoven e Heine em duas metades. Somente em 9 de novembro de 1989 essa brutal cicatriz foi extirpada da topografia européia.

Memória do desatino

Agosto é mês emblemático na política brasileira. Vou mencionar quatro eventos apenas. Como resultado de uma crise política que assolou o país, o então presidente da República Getúlio Vargas suicidou-se, às 8h30m do dia 24 de agosto de 1954, no Rio de Janeiro, renunciando, assim, não somente à presidência da República como também à vida. Sete anos depois, no dia 25 de agosto de 1961 forças estranhas fizeram com que o presidente Jânio Quadros renunciasse à presidência da República. A partir daí foi gestado o ovo da serpente, o arbítrio substituindo o estado de direito pelos seguintes 20 anos de feroz ditadura militar.

Em 10 de agosto de 1974, Frei Tito de Alencar, cearense, 28 anos, comete suicídio em Arbresèle, França. Não suporta a carga do banimento e as seqüelas das torturas ministradas pela equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury, na Oban, São Paulo, 1969. Em 22 de agosto de 1976, morre em desastre automobilístico Juscelino Kubitscheck – que tornou realidade um sonho desde os tempos do Império, de centralizar a capital da República. Até hoje um acidente mal explicado na ausência de seus "mínimos detalhes".

Os tempos mudaram e, ao que tudo indica a grandiosidade dos eventos do mês de agosto, também. Neste agosto de 2009 a política, não em sua forma mais elevada de ordenamento da vida em sociedade, mas antes aquela paroquial e rasteira, correu solta no Senado Federal.

A mídia acompanhou.

Washington Araújo - Observatório da Imprensa

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